Foto: Flávia Salme/iGAmpliar
A taxista Mariza de Castro está animada com as primeiras palavras aprendidas no curso: "What's your name?", ela reproduz
“Meu problema é com o 30. Não consigo falar thirty de jeito nenhum. A língua enrola”, diverte-se o taxista Jorge André Vieira da Fonseca, que aos 40 anos começou a estudar inglês. Ele quer se preparar para os eventos internacionais que serão realizados no Rio de Janeiro – como aCopa de 2014 e a Olimpíada de 2016 – e aproveita uma das vagas em cursos gratuitos que estão sendo oferecidas no estado para a categoria. São 120 a cada quatro meses, resultado de uma parceria do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) com a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica).
“Claro que eles não vão sair daqui falando inglês em quatro meses, mas receberão noções que serão muito úteis”, afirma a professora Ivonete Anna Damasceno Simões. “Na sala de aula, trabalhamos questões que estão no dia a dia deles. Eles saberão se apresentar, perguntar o nome do passageiro, de onde ele vem, para onde vai, e sugerir passeios em pontos turísticos da cidade”, diz Ivonete.
Além de inglês, os taxistas cariocas também podem aprender espanhol. As aulas são realizadas três vezes por semana no Centro Vocacional Tecnológico (CVT) Correios, na Faetec de Benfica, zona norte do Rio. Os alunos, no entanto, não aprendem somente noções de outro idioma. Para serem aceitos no curso precisam ter aulas também de direção defensiva, primeiros socorros, legislação de trânsito, mecânica básica e respeito ao meio ambiente.
Para ter direito ao curso, o taxista precisa estar com a carteira de habilitação em dia e não responder a processo administrativo que possa suspender ou cassar seu direito de dirigir. Quem acumula 20 pontos na habilitação ou cometeu alguma infração gravíssima nos últimos 12 meses perde o direito à inscrição.
Falar é preciso
A terceira 3ª edição do programa "Táxi! Corrida para o Futuro" começou no último dia primeiro. Os taxistas, portanto, ainda se acostumam com o “enrolar da língua”. Na hora de repetir as frases franzem a testa, passam a mão pela cabeça, riem deles mesmos. Mas não desistem. “Já passei por muita situação em que precisei falar inglês e não consegui. Não foi fácil. Já tive passageiro que desceu do táxi, perdi a corrida”, lembra Guilherme Diácomo Filho, de 55 anos, 26 deles na praça. “Hoje eu já consigo dizer ‘speak slowly, please’. É um avanço”, conta.
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“Hoje eu já consigo dizer ‘speak slowly, please’. É um avanço”, diz o taxista Guilherme Diácomo Filho
“Geralmente o turista entra no táxi com um cartãozinho indicando o endereço que ele quer chegar. E hoje a gente conta com GPS, isso ajuda. Quando o passageiro quer alguma coisa a mais, faço mímica. Tem horas que é um sufoco”, reconhece o taxista Flávio Bueno, de 48 anos. “Quando complica, o jeito é parar na porta de um hotel e pedir ajuda, porque lá todos falam inglês”.
A taxista Mariza de Castro, de 55 anos, está otimista. “Tenho uma filha que mora na Califórnia (EUA) e um filho que é formado em inglês. Ninguém me ensina nada, eles não têm paciência. Agora, eles vão ver, vou chegar em casa só no ‘helooooo’”, empolga-se.
“Além de qualificação, o curso melhora a autoestima. Eles sabem a importância do bem servir”, avalia Isabela Calheiros, coordenadora do CVT Correios.
Foto: Flávia Salme/iG
Aulas são gratuitas e o material didático também
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