O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), iniciou uma série de ensaios em uma maquete do Estádio Plácido Aderaldo Castelo – o Castelão, dentro de um túnel de vento. [Imagem: IPT]
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), iniciou uma série de ensaios em seu túnel de vento sobre esforços de vento em uma maquete do Estádio Plácido Aderaldo Castelo - o Castelão, na cidade de Fortaleza.
O objetivo do estudo é fornecer os coeficientes de pressão que darão segurança na concepção da cobertura ao projetista.
As obras de reforma, ampliação e adequação do estádio, que atingem cerca de 30% da estrutura original, tiveram início em dezembro de 2010 e os custos totais do investimento são estimados em R$ 518 milhões, segundo dados do Governo do Estado do Ceará.
Com 165 mil metros quadrados de área construída, o estádio terá uma área de cobertura do público de 55 mil metros quadrados, capaz de proteger os assentos dos 63 mil espectadores.
Telhado pendurado
O projeto do estádio foi concebido de modo que seus diversos pórticos se interligam na estrutura do concreto e "penduram" o telhado.
Para a execução de uma série de ensaios estáticos no IPT, os pesquisadores do túnel de vento simularam primeiramente a camada de limite atmosférica da região onde o estádio está localizado. Para isso, instalaram no piso do túnel de vento quatro geradores de vórtices e 580 blocos que caracterizam a rugosidade do local.
As medições do perfil de velocidade do vento, intensidade de turbulência e comprimento de rugosidade, que são algumas das características do vento natural, foram realizadas com o anemômetro de fio quente e o Tubo de Pitot.
Com a confirmação dos resultados da simulação, a equipe partiu para a instalação no túnel de vento da maquete do estádio, construída em escala 1:200, na qual estão instaladas 180 tomadas de pressão.
"Como o estádio tem uma estrutura praticamente simétrica, fizemos uma divisão da cobertura para medição em algumas seções. Isso permitirá a transferência de dados para outros pontos, o que irá equivaler a um número entre 350 e 400 tomadas de pressão", afirma Paulo Jabardo, pesquisador do IPT.
Ensaios em túnel de vento
Os ensaios no túnel de vento iniciaram efetivamente nesta quarta-feira.
"A cobertura é basicamente uma superfície e vamos medir as pressões em seus lados interno e externo", explica o pesquisador.
Para a execução dos primeiros ensaios em um estádio no túnel de vento do IPT, um dos principais desafios será justamente a coleta de dados na área interna da estrutura: ao contrário dos testes em edifícios feitos regularmente no Instituto, nos quais a coleta de dados depende de variáveis como portas ou janelas abertas e presença de móveis, a área interna no estádio demandará um maior rigor das informações pelo fato de ser totalmente aberta.
Os testes realizados no IPT são referenciados em função da norma NBR 6123:1988, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estipula as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação estática e dinâmica do vento, para efeitos de cálculo de edificações. Com a posse do laudo final fornecido pelo CMF, os responsáveis pela obra irão cruzar os dados com as informações das rajadas de vento na região para então projetarem a cobertura final.
Projeto nacional
O Castelão é um projeto desenvolvido e executado por arquitetos e escritórios de engenharia no Brasil. Segundo Flavio D'Alambert, engenheiro estrutural do projeto, a escolha de instituições como o IPT permite acompanhar pari passu os ensaios e traçar estratégias para otimizar a formatação dos dados coletados: "Os ensaios feitos fora do país também fornecem dados confiáveis, mas as informações não estarão disponíveis caso ocorram problemas de interferência e decida-se fazer uma ampliação ou redução das instalações; nestes casos, uma 'caixa preta' é recebida, e torna-se necessário trazer os responsáveis do exterior para atuarem novamente no projeto".
D'Alambert ressalta ainda a importância da execução de ensaios das estruturas em túneis de vento para a obtenção de projetos econômicos e seguros. Caso contrário, explica ele, os riscos são o superdimensionamento da estrutura, com aumento nos custos da obra, e a ocorrência de efeitos localizados críticos não-previstos, o que pode gerar problemas estruturais no futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário