André Brasil, Flávia Cintra, Rosinha e Yohansson iniciam contagem regressiva às Paraolimpíadas 2016
O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e o Comitê Organizador Rio 2016 organizaram na penúltima quarta-feira um grande encontro para a contagem regressiva dos Jogos Paraolímpicos Rio 2016. O evento foi mediado pela jornalista Flávia Cintra, que é cadeirante e ficou tetraplégica aos 18 anos, após sofrer um acidente de carro.
A reunião contou com a presença de atletas paraolímpicos, como o nadador André Brasil Esteves (quatro medalhas de ouro e uma de prata em Pequim 2008), a arremessadora de peso e disco, Roseane Ferreira dos Santos, a Rosinha, (bicampeã paraolímpica e recordista mundial em Sydney 2000), e o velocista Yohansson do Nascimento Ferreira (campeão mundial paraolímpico no atletismo, e medalha de prata e bronze em Pequim 2008).
Para uma platéia de jovens atletas paraolímpicos, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, abriu a cerimônia contando um pouco de sua trajetória como jogador de vôlei e como o esporte conduziu sua vida profissional.
"Eu fui atleta olímpico, era da Seleção Brasileira de vôlei. Joguei mundiais, participei dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, mas eu nunca ganhei uma medalha olímpica, ficamos em sétimo. Mas foi a partir dali que nasceu todo este espírito para estar aqui hoje com vocês".
Nuzman incentivou a plateia presente a começar a praticar os novos esportes incluídos nos Jogos de 2016, a para-canoagem e o para-triatlo. O dirigente explicou, aos futuros atletas, o motivo da escolha da data de 7 de setembro para a realização do início dos Jogos Paraolímpicos.
"Quando nos candidatamos, tínhamos que marcar a data dos Jogos Olímpicos, que deveria ser entre 15 de Julho a 31 de Agosto. Então pensamos em escolher primeiro a data dos Jogos Paraolímpicos. Mas tinha que ser uma data que simbolizasse algo importante para o Brasil. Nada mais simbólico para nós brasileiros que a data da nossa independência, 7 de setembro. Com a data dos Jogos Paraolímpicos definido, a data dos Jogos Olímpicos foi escolhida".
Durante o evento, foi mostrado o vídeo que trouxe a vitória para o Rio de Janeiro sediar as Olimpíadas de 2016, que causou muita emoção nos futuros atletas.
Para o nadador André Brasil, esta foi a primeira vez que assistiu ao vídeo na íntegra, e foi emocionante.
"São as pequenas coisas que nos realizam e nos trazem grandes alegrias. Eu não sabia que o Comitê Olímpico colocou a escolha da data dos Jogos Paraolímpicos à frente dos Jogos Olímpicos. Mostrando preocupação, cuidado e acima de tudo respeito com o nosso trabalho. E ver todo o vídeo da nossa vitória foi fantástico".
André teve paralisia infantil e a natação entrou na sua vida com poucos meses de vida, como forma de reabilitação.
"Eu lembro quando pequeno o quanto meus pais lutaram para que eu levasse uma vida normal. Lembro que os médicos diziam que eu não iria andar, que teria problemas mentais. Que minha mãe era louca porque me botava numa piscina gelada, às 6h da manhã. E hoje, apenas com meus passos mancos e aos trancos e barrancos, nós vencemos. E essa 'maluquice' dos meus pais me faz hoje poder, acima de tudo, ser feliz. Eu não digo um ídolo, um exemplo, eu digo mais um. Mais um brasileiro com força de vontade, determinação e que acredita que, quando a gente batalha, a gente consegue".
Já para o velocista Yohansson, representar mais de 190 milhões de pessoas, quando está dentro de uma pista, é maravilhoso.
"Eu sempre falo que já nasci paraolímpico porque eu nasci sem as duas mãos, mas eu faço tudo que eu quero. Consigo servir e beber o meu copo de água, jogar bola de gude, dirigir, andar de bicicleta. A única coisa que eu não faço é aquilo que eu não tentei ainda. Eu acredito que Deus já tinha um propósito para mim, que é representar o meu povo. Quando estou dentro de uma pista de corrida, eu sou o Brasil e o nosso povo".
A atleta Rosinha aguarda ansiosamente a definição dos atletas paraolímpicos que vão representar o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos em Guadalajara no México, que acontece de 19 a 27 de novembro.
"A lista dos atletas que vão disputar o Parapan vai sair agora dia 15 de setembro. Eu quero muito que meu nome esteja lá. Fiz resultado para estar no México. Mas prefiro esperar. Quero muito abrir o site do Comitê e ver o meu nome lá. Representar o Brasil é muito bom, e eu amo o que eu faço", afirmou a atleta do Botafogo.
A história de superação da para-atleta pernambucana Rosinha, que teve a perna amputada após um caminhão dirigido por um motorista embriagado invadir a calçada e atropelar a então jovem de 18 anos.
"Eu não sabia que os Jogos Paraolímpicos e Parapan-Americanos podiam abrir tanto o mundo para nós atletas e para a sociedade. Hoje eu vejo que os pais que têm filhos deficientes não escondem mais seus filhos em casa, como era antigamente. Cada vez mais estão surgindo jovens para-atletas e isso é muito importante."
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