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Na primeira grande reunião de público a caminho dos Jogos Olímpicos, dependência dos ônibus criou desconforto. Organizadores erraram e precisaram de ajuda da polícia dentro da Cidade do Rock
Para os fãs, o Rock in Rio foi a festa da música e da diversão. Para os gestores públicos e para os envolvidos com os grandes eventos a caminho, o festival foi um grande laboratório. Os sete dias e noites de shows foram a oportunidade de ver como a cidade se comporta com cerca de 100 mil pessoas se deslocando em horários próximos, hospedando-se e ocupando espaços públicos. O balanço geral do quarto Rock in Rio foi positivo, mas algumas deficiências históricas da capital fluminense, como se viu, ainda não estão superadas.
Para o transporte, a experiência teve grande grau de precisão. Afinal, a Cidade do Rock ocupou o espaço batizado de Parque Olímpico, que será também empregado nos jogos. O resultado não foi necessariamente uma novidade: mesmo com todas as providências de bloqueio de trânsito, criação de linhas especiais e campanhas de informação, chegar ao Rock in Rio foi desconfortável para muita gente, mais demorado que o previsto e, apesar do ‘banimento’ dos carros, os engarrafamentos foram inevitáveis.
A culpa não é do festival, mas do Rio. A cidade inteira, e principalmente a zona oeste, ainda depende integralmente do transporte rodoviário. Por mais que seja reservada uma frota especial de ônibus para o evento em questão, o público, os moradores e a população flutuante daquela região usam as mesmas vias, que, como se vê no trânsito cotidiano, estão saturadas. A margem de manobra para se realizar grandes deslocamentos de público na cidade atualmente é limitada, o que promete ser solucionado com as faixas exclusivas de ônibus para a zona oeste – os BRTs – e o metrô.
Para o transporte, a experiência teve grande grau de precisão. Afinal, a Cidade do Rock ocupou o espaço batizado de Parque Olímpico, que será também empregado nos jogos. O resultado não foi necessariamente uma novidade: mesmo com todas as providências de bloqueio de trânsito, criação de linhas especiais e campanhas de informação, chegar ao Rock in Rio foi desconfortável para muita gente, mais demorado que o previsto e, apesar do ‘banimento’ dos carros, os engarrafamentos foram inevitáveis.
A culpa não é do festival, mas do Rio. A cidade inteira, e principalmente a zona oeste, ainda depende integralmente do transporte rodoviário. Por mais que seja reservada uma frota especial de ônibus para o evento em questão, o público, os moradores e a população flutuante daquela região usam as mesmas vias, que, como se vê no trânsito cotidiano, estão saturadas. A margem de manobra para se realizar grandes deslocamentos de público na cidade atualmente é limitada, o que promete ser solucionado com as faixas exclusivas de ônibus para a zona oeste – os BRTs – e o metrô.
Público durante show do Capital inical no palco Mundo, no segundo dia do Rock in Rio, em 24/09/11
A Barra da Tijuca receberá três linhas de BRT. A Transcarioca tem previsão de conclusão em 2014, com estimativa de transporte de 380 mil passageiros por dia, passando por bairros da zona norte. A outra linha, batizada de Transoeste, ligará o bairro à zona oeste da cidade, e o início das operações está previsto para o primeiro semestre de 2012. Já a Transolímpica, que ligará a Barra a Deodoro, deve ficar pronta em 2015.
Os BRTs devem aliviar a pressão sobre as vias comuns. Mas há ainda um problema: a maior parte que chega para os eventos na zona oeste vem da zona sul, e não há – em quantidade – público que vá do Aeroporto Internacional do Galeão ou da Rodoviária Novo Rio diretamente para a Barra, nos dias de eventos. A concentração de hotéis do Rio ainda é na zona sul, e é pouco provável que isso seja diferente até 2016.
A solução, então, dependerá muito mais da Linha 4 do Metrô, que deve começar a operar no início de 2016, se não houver atrasos. Ou seja: até lá, shows na Arena Multiuso – batizada de HSBC Arena – e no Parque Olímpico terão, necessariamente, que recorrer aos ônibus regulares.
Roubos – Os organizadores do Rock in Rio falharam no quesito segurança. O primeiro dia de festa teve um festival de roubos e furtos, obrigando a segurança privada contratada para a festa a reforçar o número de agentes no interior da Cidade do Rock – palmas para a correção, vaias para o erro no planejamento. A solução foi apelar para a Polícia Militar, inicialmente encarregada apenas do patrulhamento do lado de fora.
Na primeira noite de festival, foram mais de 200 registros na delegacia volante instalada na Cidade do Rock. Mas em matéria de segurança, o episódio mais grave estava reservado para a última noite do evento: houve três tentativas de invasão ao festival. Em uma delas, por volta de 1h50, um grupo que havia combinado a invasão pelo Twitter pôs o plano em ação, e forçou entrada pelo portão Norte. Era o momento em que muita gente, expulsa pela chuva e pelo atraso de Axl Rose, deixava o festival. Houve corre-corre e dezenas pessoas caíram em um tablado que não suportou o peso da multidão. Nove pessoas ficaram feridas.
A falha de planejamento de segurança pode ser inserida em um equívoco - ou exagero - nas dimensões do próprio evento. Como mostrou a reportagem do site de VEJA, ao fim da terceira noite do festival o 'pai' do Rock in Rio, Roberto Medina, admitiu a necessidade de reduzir o tamanho da festa: o próximo Rock in Rio, avisa, vai ser menor. Ao todo, a edição de 2013 deve ter 16 mil lugares a menos.
Hospedagem - A 15 dias do festival, os hotéis do Rio anunciavam 100% de lotação para as datas do festival. Há duas maneiras de interpretar esse dado: a primeira, otimista, vê o evento como um sucesso de público, cidade cheia e setor do entretenimento faturando alto. A outra, não pessimista, mas realista, enxerga o gargalo em que se encontra a cidade, dada a programação de eventos para os próximos anos. O prefeito Eduardo Paes sinalizou, em agosto, que as coisas vão bem, muito bem. Tão bem que, pelas contas da prefeitura, em 2013 a cidade terá 31.722 quartos, considerando a inclusão de 5.406 unidades “em construção”, reforma ou apenas com o licenciamento da Secretaria Municipal de Urbanismo.
“Em construção” é um termo vago, se examinado em detalhe. Havia, em agosto, obras de construção e reforma de apenas 1.962 novas unidades. Nesse grupo estão incluídos, por exemplo, o Hotel Glória, fechado para modernização. A matemática do prefeito do Rio tem imprecisões. Para afirmar que ultrapassará a meta estabelecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para 2016 considera, como certa, a criação de 5 mil quartos de hotel na cidade – ou nove vezes o Othon de Copacabana. Por enquanto, menos de 2 mil saíram do papel. Confirmada essa tendência, o Rio terá deixado passar a maior oportunidade para resolver uma deficiência histórica e ampliar de fato sua rede hoteleira. O COI estabeleceu que, em 2016, o Rio deve ter 47 mil quartos. Se forem considerados apenas quartos de hotel, a cidade precisaria mais que dobrar sua capacidade, que hoje é de 19.508 unidades. Começa, então, a interpretação que permite ao prefeito Eduardo Paes uma projeção mais confortável: somando os quartos de apart-hotéis (3.305) e de motéis urbanos (3.503), como são considerados os que não se situam em beiras de estradas, a capacidade do Rio salta dos pouco mais de 19 mil para 26.316.
“Em construção” é um termo vago, se examinado em detalhe. Havia, em agosto, obras de construção e reforma de apenas 1.962 novas unidades. Nesse grupo estão incluídos, por exemplo, o Hotel Glória, fechado para modernização. A matemática do prefeito do Rio tem imprecisões. Para afirmar que ultrapassará a meta estabelecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para 2016 considera, como certa, a criação de 5 mil quartos de hotel na cidade – ou nove vezes o Othon de Copacabana. Por enquanto, menos de 2 mil saíram do papel. Confirmada essa tendência, o Rio terá deixado passar a maior oportunidade para resolver uma deficiência histórica e ampliar de fato sua rede hoteleira. O COI estabeleceu que, em 2016, o Rio deve ter 47 mil quartos. Se forem considerados apenas quartos de hotel, a cidade precisaria mais que dobrar sua capacidade, que hoje é de 19.508 unidades. Começa, então, a interpretação que permite ao prefeito Eduardo Paes uma projeção mais confortável: somando os quartos de apart-hotéis (3.305) e de motéis urbanos (3.503), como são considerados os que não se situam em beiras de estradas, a capacidade do Rio salta dos pouco mais de 19 mil para 26.316.
Com o aumento constante de executivos e empresas – principalmente ligados à indústria do petróleo – em busca de apartamentos na cidade, ninguém sabe quantas das mais de 3 mil unidades de apart-hotel estarão realmente disponíveis para turistas em 2016. E, dos motéis, mesmo entre os 77 estabelecimentos “urbanos” computados, há locais e características que, se não inviabilizam o uso por delegações internacionais, no mínimo causam uma queda no padrão exigido para esta finalidade.
Mesmo partindo de mais de 26 mil unidades, o desafio ainda seria brutal: faltariam em torno de 21 mil quartos para hospedar delegações de atletas, equipes de apoio, turistas, funcionários de empresas que vão atuar no evento e jornalistas. Para todos esses, há soluções temporárias - com a vila de mídia e navios. Estes, no entanto, terminam junto com as Olimpíadas.
(Com reportagem de Rafael Lemos)
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