terça-feira, 28 de agosto de 2012

Videogames como esporte nos Jogos Olímpicos?




‘Mais difícil que patinação artística. Mais rápido que nado sincronizado. Mais relevante que curling’

Em 2016, o rugby e o golfe estreiam como esportes olímpicos no Rio. Em 2020, podem ser os games, se depender do grupo Torch for Gaming. Eles deram início uma petição para transformar os chamados eSports em uma modalidade olímpica.
Os eSports nada mais são do que a atividade de jogar videogames profissionalmente, de forma competitiva, o que demanda horas de treinamento diário e leva a campeonatos mundiais de alto nível.
O Torch for Gaming (algo como Tocha para os Games) acredita que as modalidades incorporam o espírito olímpico, argumentando que elas são acessíveis a pessoas que, por exemplo, não poderiam praticar os esportes tradicionais por causa de deficiências físicas.
“Os jogos fornecem alegria e educação. Eles divertem e ensinam. Jogos criam fronteiras éticas e desafiam nossas visões, nos forçam a comandar e a obedecer. Nenhum outro esporte requer essa combinação de corpo, mente e vontade”, diz o grupo em seu manifesto.
Para colocar os games nas Olimpíadas, há até uma petição (que pode ser assinada aqui). Até as 9 horas desta terça, o documento tinha mais de 1,6 mil assinaturas de pessoas provenientes de 39 países e que concordam que os jogos promovem a amizade, criam comunidades e fazem seus atletas compartilharem experiências.
Talvez tentar levar os eSports às Olimpíadas seja algo um tanto quanto utópico, mas de fato a criação de um evento competitivo de grande porte é bastante viável. Os atletas brasileiros com certeza se dariam bem, a julgar pelo desempenho das equipes nacionais nos torneios de determinados jogos em específico.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Olimpíadas de Londres 2012: Quem faz os Jogos funcionarem?

Ciclistas na prova de Keirin. | Foto: Reuters

Nos bastidores da Olimpíada de Londres 2012 está uma equipe de pessoas que faz com que os Jogos aconteçam. São os "heróis desconhecidos" sem os quais os locais não funcionariam e os esportes seria prejudicados.

Matthew Millar, operador de câmera subaquática, arena de polo aquático

"Meu maior medo sempre foi mergulho em águas profundas", diz Matthew Millar, um britânico que vive em Melbourne, na Austrália, há 20 anos.
"Logo antes da morte de meu pai, ele me disse para 'mergulhar no mundo'. Eu passei os últimos anos vivendo e mergulhando no sudeste da Ásia e me tornei professor de mergulho lá."
"Meu pai, David, era um nadador muito bom e eu sempre fui péssimo na água. E acabou comigo estando aqui - é incrível e é como um sonho para mim", diz Millar, que atua opera uma câmera de vídeo dentro da piscina durante as partidas de polo aquático.
Matthew Millar. | Foto: BBC
Millar foi do medo de mergulhar ao trabalho na piscina do pólo aquático em Londres
No início do dia de trabalho, Matt coloca shorts e uma camisa de neoprene, óculos, pés de pato, uma jaqueta flutuante, um tanque de oxigênio e um regulador (utilizado para respirar), e mergulha da piscina de polo no Parque Olímpico.
Ele e sua equipe colocam 11 câmeras subaquáticas dentro das piscinas de mergulho e natação do Centro Aquático ao chegarem, cuidam delas durante o dia e as guardam à noite.
Polo aquático é um esporte de contato que costuma ser definido pelo acontece embaixo d'água, muitas vezes com brutalidade. Socos, chutes e insultos não são permitidos, mas parece que todo o resto está valendo.
Uma sessão de partidas pode estragar bastante as duas câmeras robóticas submersas e outras duas câmeras fixas nos gols, que capturam toda a ação.
Nesses momentos, Matt mergulha e as conserta.
Ele ajusta as câmeras enquanto a equipe, em um caminhão de transmissão, confere as imagens e confirma que elas estão na posição correta, movendo-as de um lado para outro com um controle. Movendo-as para baixo eles dizem que não e, para cima, que sim.
O polo aquático não é um esporte muito popular na Grã-Bretanha, mas a arena temporária tem estado cheia com fãs de vários países.
"Está tudo lotado, os fãs são um grande ponto positivo. Mas a melhor coisa para mim tem sido mergulhar no Centro Aquático. É um local tão bonito, me sinto sortudo de trabalhar nele."

David Lagerberg, varredor, vôlei de praia

David Lagerberg. | Foto: BBC
Varredores se certificam de que os juízes do vôlei de praia vejam as marcações da quadra
Para David Lagerberg, a Olimpíada é a busca da perfeição. Como executar a varredura perfeita na arena de Horseguard's Parade, onde acontecem as competições de vôlei de praia?
"É preciso ser muito delicado com a areia. Tenho que evitar 'desenterrar batatas' e somente 'barbear o rosto'. É a melhor maneira de descrever isso", diz.
Ele é um dos 18 varredores e gandulas que trabalham em Horseguard's Parade. Eles deixam a areia uniforme durante os intervalos e finais de partidas e se asseguram de que não fiquem montes de areia no meio das quadras.
Ele varre sob a rede enquanto outros limpam os locais onde ficam as marcações da quadra, para que os juízes vejam se as bolas estão caindo dentro ou fora do espaço do jogo.
O vôlei de praia tem uma atmosfera de carnaval. Há dançarinas, um apresentador de TV no microfone e música alta.
Aos 18 anos, Lagerberg é um velocista de 400 metros que já competiu nacionalmente e em campeonatos europeus.
Ele afirma que seu melhor momento foi "pisar na quadra pela primeira vez, na primeira varredura. Não foi perfeito, mas os aplausos que recebemos foram inspiradores.

Peter Deary, condutor de bicicleta motorizada, ciclismo de pista

O velódromo já é o cenário do sucesso britânico, de grandes comemorações e muito barulho feito pelos fãs de ciclismo.
Mas como alguém se sente ao sentar-se diante de uma das bicicletas motorizadas - com nomes como Fé, Esperança e Caridade - que conduzem os famosos ciclistas na prova da modalidade keirin?
É a bicicleta de Deary que dita o ritmo dos ciclistas nas primeiras voltas desta prova.
"Se eu começasse a ficar nervoso quando estivesse ali, teria problemas", diz, calmamente, o condutor.
Peter Deary. | Foto: BBC
A família de Deary se anima para vê-lo pedalar na pista olímpica
"Não me importa quem está atrás de mim. Se começar a pensar nisso, você começa a favorecer certas pessoas. É preciso garantir que você será justo com todos."
Deary, que também é juiz de ciclismo, conduz uma bicicleta movida a gasolina durante o evento.
Ele conduz os atletas no início a uma velocidade de 25 km/h e aumenta o ritmo até 45 km/h. Depois de cinco voltas e meia, ele deixa a pista e estaciona sua bicicleta ao lado do vidro que circunda a pista central do velódromo.
Dali, ele assiste aos ciclistas, que pedalam mais duas voltas e meia em velocidade.
Mas ele diz que um keirin no velódromo olímpico é "o mesmo keirin que acontece em qualquer lugar". Ele precisa se manter nos padrões de velocidade e se manter calmo, para não prejudicar a prova.
Mas ele admite que algumas coisas são realmente diferentes na Olimpíada.
Sua esposa, suas duas filhas e seus três netos estavam excitados para ver o avô de 65 anos percorrer a pista. "As crianças ficaram loucas assistindo. Então é especial, sim."

Gareth Goh, operador de carro de controle remoto, estádio olímpico

Antes mesmo de ter idade suficiente para dirigir, Gareth Goh, de 16 anos, conduz carros pelo campo do estádio olímpico de Londres. Mas são carros de controle remoto.
Gareth Goh. | Foto: BBC
Aos 16 anos, Goh conseguiu acompanhar os grandes velocistas na pista
Ele recolhe os discos, martelos e dardos que os atletas lançaram na grama e os devolve para os organizadores do evento. O carrinho tem cerca de um metro de comprimento.
Gareth estava lá, recolhendo dardos, quando a britânica Jessica Ennis corria para ganhar o ouro no heptatlo.
"Foi um grande momento, foi especial ser parte da hora em que ela teve uma performance tão incrível", diz.
No início de cada dia, ele e sua equipe levam os carros de uma garagem especial até a pista.
Os controles são simples, para a frente, para trás, esquerda e direita. Mas os carrinhos conseguem atingir alguma velocidade e já houve alguns momentos de confusão entre os condutores, quando eles apertaram botões para os carrinhos errados.
Mas o trabalho também significa que Gareth estava no meio da área central quando o homem mais rápido do mundo, Usain Bolt, ganhou a final dos 100 metros - já que a competição de lançamento de martelos masculina também estava acontecendo.
"Me senti muito privilegiado de ter esta oportunidade", diz.
"Especialmente no fim de semana e no meio da final dos 100 metros. Estamos fazendo nosso trabalho, mas também podemos ver o que acontece ao nosso redor"

Joseph Edney e Rachael Dale, 'puladores de corda', basquete

Joseph Edney, da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, diz que chorou na primeira vez em que foi obrigado a pular corda em um acampamento de verão. "Eu odiei", disse ele.
Mas, após ganhar sua primeira competição de quem pulava corda por mais tempo, a sensação foi tão viciante que, hoje em dia, ele o faz para multidões de 12 mil pessoas durante a Olimpíada.
Joseph Edney e Rachael Dale. | Foto: BBC
Quadra de basquete é comparada a 'show de rock'
Edney pula corda em todos os intervalos dos jogos de basquete, todos os dias, até o fim dos Jogos.
Lotada, a arena de basquete foi comparada a um show de rock. A música é alta, as luzes piscam e quando a partida é interrompida, a equipe de corda Get Tricky toma conta da quadra. A multidão vibra.
Eles usam cordas de plástico e trançadas para fazer saltos, paradas de mão e flexões enquanto pulam.
A equipe foi criada por Sue Dale, cuja filha, Rachael, é uma das 13 pessoas que se apresentam nos intervalos, vindas da Grã-Bretanha, Estados Unidos, Bélgica e Brasil.
Eles foram escolhidos após uma série de eventos de teste antes do início dos Jogos.
"É uma mistura de elementos diferentes - ginástica, dança e pulos. A adrenalina é sempre alta porque é uma experiência impressionante ter a multidão atrás de você, estimulando."
"Eu posso pegar uma corda e fazer o queixo de alguém cair imediatamente", diz Joe

Katy Mitchell, funcionária da limpeza e gandula, vôlei

Quando a quadra de vôlei fica molhada de suor, os jogadores começam a deslizar. Isso é tão perigoso que, durante o jogo, seis funcionários da limpeza e outros dois "enxugadores rápidos" ficam a postos para secar o chão.
Katy Mitchell. | Foto: BBC
Funcionários usam esfregões de um metro para enxugar quadra de vôlei
Durante os intervalos, Katy Mitchell é uma das seis funcionárias que, usando um esfregão de um metro, se alinham em cada lado da rede em grupos de três.
Em perfeita sincronia uns com os outros, eles cruzam a quadra, passam por cima de seus esfregões e atravessam de volta.
Segundo Katy, o desafio é "manter o esfregão perpendicular à rede, para ficar sincronizada com o outro lado e enxergar o outro".
"Pode dar errado, você pode tropeçar nos esfregões. Mas se tiver as duas mãos nele, dá certo", explica.
O resto da equipe recolhe as bolas, mantendo sempre duas em cada um dos cantos e uma no jogo.
"É muito importante porque se um de nós perde o foco, a partida inteira é interrompida e eles ficam procurando bolas."
"É um jogo rápido, as disputas não duram muito, você não pode ficar sentado. Tem que estar no jogo o tempo todo."

Paul Maines, treinador de coletores de flechas, tiro com arco

Durante os Jogos de Pequim 2008, as flechas voltavam para os arqueiros após os tiros em um trem mecânico. O método era eficiente, mas faltava um toque humano.
Voluntários do tiro com arco. | Foto: BBC
Voluntários são treinados para devolver flechas para os arqueiros
Em Londres 2012, três grupos com oito voluntários cada - trazidos de escolas e categorias de base, foram recrutados.
Quando os arqueiros atiram flechas sucessivas, os juízes marcam seus pontos e as flechas são removidas dos alvos por estes funcionários, que as colocam em um cilindro especial e as levam de volta a seus donos.
Cada arqueiro reutiliza suas próprias flechas, com diferentes comprimentos e "rêmiges" - peças que estabilizam as flechas durante o voo.
"Temos que garantir a consistência da abordagem, o lado para o qual os voluntários viram, como eles voltam, como eles as entregam para os arqueiros", diz Paul.
"A ideia é que os arqueiros, os técnicos e os juízes e acostumem ao mesmo padrão."
"É uma parte muito importante do trabalho. Assim como os boleiros e boleiras de Wimbledon, eles são os boleiros do tiro com arco."
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